ANSELMO RALPH – TERRORISMO – PPP – FUNDAMENTALISMO

A Europa está a ser alvo reiterado de ataques terroristas motivados por determinadas por ideologias religiosas radicais. Apesar disso, nós os europeus, recusamo-nos a ter medo. Recusamo-nos a mudar os hábitos de trabalho, de lazer, de vida. Continuamos a passar férias onde queremos, a viajar como queremos, a praticar desporto onde queremos e a assistir aos espectáculos que desejamos. O terrorismo não nos vencerá certamente através da sua acção directa, pois somos mais fortes do que qualquer idiota do DAESCH.

Porém, existe uma franja tão radical quanto esses terroristas, autóctone da própria Europa, e que está empenhada em nos vender a ideia do medo e do preconceito, através de perigosos fetiches fascistas que no Passado já levaram a Europa à destruição total e ao extermínio de pessoas em massa. Essas são as únicas ideias que acabam por colocar em causa a tal sensação de segurança ao ponto de considerarmos comprometer os pilares mais importantes da nossa Europa liberal, multicultural, democrática. Os mesmos pilares que motivam o ódio dos terroristas e que, perdendo-os, nos tornaria em bestas iguais a esses. Toda a gente sabe de quem falo...

Por outro lado, o Anselmo Ralph virá brevemente à Figueira da Foz actuar no forte de Buarcos. Sou seu fã. Ele é quase um filho adoptivo de Portugal e um grande promotor da lusofonia. O Anselmo Ralph canta na língua de Camões mas poderia muito bem fazê-lo noutro idioma, como a Nelly Furtado, ou o David Fonseca por exemplo, exemplos de sucesso de músicos portugueses ou luso-descendentes... Pessoalmente não ouço apenas música portuguesa e é natural que exista espaço para todos os idiomas, na linguagem universal da arte.

A CMFF vai apoiar essa actuação. Por um lado, muito bem, pois existe interesse para a autarquia e é igualmente do interesse público que o cantor angolano venha à Figueira da Foz. Por outro, o modelo de “parceria público privada” (na prática é isso que se vai fazer, uma PPP) anula todo e qualquer risco da iniciativa privada nesse negócio! Eu sou a favor das PPP mas nunca num modelo em que o erário público assuma por completo o risco do privado. Para mim, isso é incompetência na gestão da coisa pública e uma adulteração perigosa ao mercado de livre concorrência. Perdoem-me essa franqueza, mas eu decidiria de outra forma... Porém toma-se como positivo a vinda à Figueira de tão prestigiado cantor, com uma aparente ausência de risco de ataques terroristas...

Por essa razão este espectáculo tem estado sujeito a grandes críticas, umas mais fundamentadas do que outras. Contudo, fiquei escandalizado quando essa tal franja radical autóctone que refiro acima, e que finge ter representação na nossa cidade, se manifestou contra o apoio da CMFF, fundamentando não apenas com o mau modelo de PPP (nesse caso, concordo) mas afirmando igualmente que se trata de um cantor “não português” denunciando com negatividade que nos estariam supostamente a impingir o multiculturalismo!!!

Mas!... música é isso mesmo. Multicultural. E nós gostamos! A arte é isso mesmo! Universal! E nós gostamos! Nem toda a gente é obrigada a gostar, mas existe uma particular solução para os que não apreciam: não ouvem! Ponto final. Não é porque alguns “auto-proclamados nacionalistas” vêm agora vender-nos a ideia que os refugiados são todos terroristas, violadores e ladrões, que vamos considerar que os cantores estrangeiros são todos desafinados, sem alegria e sem ritmo!

Já fui ameaçado publicamente por gente dessa (e com referências à minha família) porque me recusei a pactuar com esses radicalismos fascistas. Gente que comummente aproveita todas as oportunidades para se manifestar onde sabem que poderão obter protagonismo. Seria natural que até fizessem uma aparição no concerto do Anselmo Ralph, que lá teria que levar com mais uma dose de racismo e xenofobia.

Não irei ver o Anselmo mas pessoalmente confesso que não me sentiria inseguro pelo perigo de algum ataque do radicalismo islâmico. Sentir-me-ia sim, inseguro com a presença de alguns patriotas pimba!!! Existe uma máxima que diz que o traidor está sempre dentro das instituições. Para mim, são mais perigosas para a nossa segurança as ideias de alguns europeus fundamentalistas, cheios de ódios e frustrações pessoais, motivados pelo racismo, pela xenofobia e pela violência anti-democrática do que os idiotas do DAESCH. Cabe-nos a nós decidir como haveremos de lidar com ambos...

 

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