Eu gostava de dizer
Que somos todos iguais.
Mas quando vejo essas faces,
Quando sinto o seu olhar
Perdido, falho de amor,
Não posso deixar de ver
A ansiedade e a tristeza
De uma vida mal vivida
E já tão cheia de dor.
Estas crianças que vivem
Ao frio e esfomeadas,
Vítimas injustiçadas
De maus-tratos e violência,
Que brincam com os pés pelas poças
Ou com os despojos das outras,
Não serão como as demais.
Como as que nascem de amor
E com amor são criadas.
Como as que aprendem a ler
E comem todos os dias.
Como as que têm carinho
E lar, e calor, e pais.
Sobram-lhes,
Os abusos e as doenças
O vazio do sorriso
As lágrimas no rosto sujo
O acordar de um mau sono
E um futuro sem esperança
Que não seja o abandono.
Com que hipócrita intenção
E falsa solidariedade
Dizemos a nós e ao mundo
Que somos todos iguais?
Será para calar consciências
Num mundo vil como o nosso?
Eu gostava de pensar
Que somos todos iguais.
Eu gostava…
Mas não posso.
(Dia da Criança 1997)
Inicie sessão
ou
registe-se
gratuitamente para comentar.
|
O «Figueira Na Hora» é um órgão de comunicação social devidamente registado na ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social). Encontra-se em pleno funcionamento desde abril de 2013, tendo como ponto fulcral da sua actividade as plataformas digitais e redes sociais na Internet.
design by ID PORTUGAL