Gare do Oriente

Beija-me, pediu-me uma flor na gare do Oriente
Os sinos tocavam, baladavam, comboios chegavam, comboios partiam, uns viravam-me a custo, outros subiam-me a susto, outros discutiam-me e desciam-me, passava-me e caçava-me tanta e toda
e nenhuma gente
só a flor pedia-me - beija-me, beija-me
posso ser Feliz? Tenho de ser gente?
e eu a olhar muito sério
respondi à flor: só quando acabar de passar toda esta gente
A flor
arrancou-se daquele lugar, apanhou o primeiro comboio, deixando-se e chorando-se para sempre daquele seu presente
eu esse momento
ela esse pedido perdido para sempre
As flores quando beijam é para sempre
Não sei porque é que ela me escolheu
E morreu-me ali tão depressa
Hoje falei-me de sol, foi ele que se chuviscou, caro amigo, compreende tudo o que uma flor depois de ser, passou?
o amor de estufa ou de mata, mata de manhã, de tarde, de noite, não só mata, seca, num repente.
É a única forma educada que a natureza compreende para complicando-se
nos mostrar como sermos germe, terra, água, luz, semente
Com o passar de um comboio, vi lá escrito: procura por mim, eu serei toda a natureza que te pede um beijo como presente
desde aí sempre que vejo uma flor, lembro-me daquela, de como ela me ensinou que amor não se escreve correcto
é uma ilusão tão grande como ouvir sinos na gare do Oriente

 

COMENTÁRIOS

ou registe-se gratuitamente para comentar.
Critérios de publicação
Caracteres restantes: 500

mais

QUEM SOMOS

O «Figueira Na Hora» é um órgão de comunicação social devidamente registado na ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social). Encontra-se em pleno funcionamento desde abril de 2013, tendo como ponto fulcral da sua actividade as plataformas digitais e redes sociais na Internet.

CONTACTOS

967 249 166 (redacção)

geral@figueiranahora.com

design by ID PORTUGAL