Com a Figueira da Foz, com os Figueirenses.

Gosto de Puzzles!

Sou fascinado por puzzles! Quanto mais pecinhas tiverem, quanto mais difíceis forem de montar, mais me fascinam! Maravilho-me a espalhar as milhares de peças sobre a mesa. Encanto-me a procurar, remexer, seleccionar, organizar, comparar, ver se encaixam e se apesar de encaixarem pertencem mesmo ali, ver se não são embusteiras... Gosto de passar dias, muitos dias naquela "luta" de concentração, naquela luta com elas e comigo... Fascina-me ver o sentido, a ordem, a organização a crescer, a adequar-se, a compor-se. Fascina-me vê-los crescerem em várias frentes e a caminharem harmoniosamente para a conclusão. Por isso, me fascinam tanto as obras de engenharia civil e os seus estaleiros, chego a pensar que tenho um cérebro de matemático ou de engenheiro.
O que é a vida senão um enorme puzzle, senão o maior e mais complexo de todos os puzzles? Um puzzle que vamos montando e que, às vezes, passam-se anos até encontrarmos o sítio exacto de determinada peça (...peça às vezes impertinente, incomodativa, dolorosa, prenhe de dúvidas... ou raiada de imensa felicidade!) ou para encontrarmos a peça exacta para aquele sítio, para aquela falha..., até que, finalmente, no dia, na hora e no momento exacto ela se encaixa no sítio seu com rigorosa perfeição e precisão! É maravilhoso! É maravilhosa esta única e irrepetível construção, este passatempo que mata o tempo que tem e que se acaba porque se matou ou morreu no seu limitado tempo.
Não nos iludamos porque este puzzle, que muitos acreditam que está predefinido, que está predestinado, não vem com a respectiva fotografia ou com a respectiva imagem orientadora para tirarmos as dúvidas e corrigirmos os erros, pelo contrário, há peças que se forem mal encaixadas, -"béu!"-, não há retorno, fica definitivamente assim! Levamos o resto da vida com o erro e com as respectivas consequências. Por isso há quem se lastime, há quem o ache um puzzle imperfeito e inacabado. Estou inclinado para concordar, porém, depois das contas feitas e das dívidas saldadas, ainda assim..., é um "jogo" maravilhoso!
No final da vida, restam sempre peças que ficaram por colocar: restam os afectos que não se deram; as palavras que ficaram por dizer; as conversas que não se tiveram porque nos faltou a coragem..., porque o passar do tempo lhes roubou a razão... e que depois não passam de solilóquios e que se transformaram em brasas de arrependimentos.
Por vezes, algumas peças chegam-nos às mãos demasiado tarde pois, teriam sido muito bem-vindas na nossa mocidade mas... é assim a vida! É assim este puzzle misterioso. Muito mau, mas mesmo muito mau é, quando obstinadamente tentamos encaixar a peça errada no lugar errado ou no tempo errado, há quem lhes chame "as cabeçadas da vida". Geralmente, essas peças também ficam amassadas devido à insana e imprudente teimosia com que as manejamos.
Atenção! Não quero que fiquem com a ideia que nós montamos o puzzle da vida na escuridão, no breu completo, largados ao acaso. Não! Não se assustem porque, felizmente, temos numerosas ajudas: temos, desde logo, as costas dos outros que nos permitem ter uma ideia aproximada das nossas; temos os conselhos dos outros; temos os ensinamentos da vida e os "abre olhos"; temos o amparo, o conforto e o consolo dos que nos amam e dos nossos anjos da guarda de carne e osso e, aqui e acolá, temos um ou outro bom Samaritano que nos socorre e nos paga as facturas do nosso recobro e as das estalagens; temos também os exemplos norteadores a seguir e também temos os, não menos importantes, exemplos desnorteadores a não seguir; por fim temos ainda os nossos cinco imperfeitos sentidos e mais um outro muito importante, o tal sexto sentido que, suponho, é a porta de entrada (um portal dimensional) num universo de capacidades e potencialidades que, à medida que nos for permitido crescer numas e noutras, amaina as dificuldades daquele puzzle de que vos falava, esbate-as. Quando descobrimos uma nesgazinha por onde se esgueira uma luzinha pequenina dessa porta, damos connosco a escrever assim:

Procura-te
Escapa-te por entre os espaços das cinco barras oprimentes
que te aprisionam no lado esquerdo do cérebro rachado!
Há muito mais do que estes cinco sentidos lentos...
Voa, liberta-te dentro de ti achado...
viaja no teu infinito, procura em ti o maravilhoso entendimento!
Medita! Sossega o pensamento, liberta-te dele maravilhado...
Imobiliza-o e faz dele o cais das tuas partidas repetentes...,
deixa nele apenas um ancoradouro para quando regressado,
tão modificado, rico de ti, muito mais completo..., felizmente!!!

Há também muitas "bibliotecas" com os cabelos brancos e com um acervo enorme de saberes de experiências feitos, às quais devemos dar particular atenção e sorver avidamente o sumo do seu saber acumulado.
Depois também existem os livros. Há livros que se atravessam na nossa vida e que são compêndios de sabedoria, são autênticos manuais de instruções para a vida, livros que têm carradas de conhecimentos codificados que apenas necessitam que o leitor carregue no botão certo para que se acenda aquela luzinha que desperta o perfeito entendimento, aquele preciso conhecimento, aquela mensagem oculta...
Obviamente, um deles é aquele a que chamo o Livro da Sabedoria. Sim! Sim! Falo da Bíblia que guarda muitos mistérios, que revela muitos conhecimentos, que contém muitos mais mistérios, segredos, conhecimentos, revelações e leituras do que aquela que nos dá a perspectiva estreita, a via única, directa e limitada conseguida pela visão da religião Cristã. Eu socorro-me frequentemente de Eclesiastes onde vou beber ensinamentos e procurar pistas e entendimento para ir montando o meu puzzle.
Falo neste livro, mas poderia falar noutros dentre as centenas e centenas que existem doutras civilizações e culturas milenares. Falo deste porque entre nós é o mais comum e, diz-se, que é de todos eles o que tem o maior número de exemplares publicados. Como te estou grato Gutenberg, porque com a tua invenção abriste a maior das portas ou dos portais à humanidade.
Gosto muito de ler José Saramago, acompanho o seu pensamento em muitas vertentes, mas sinto que a sua "visão" a sua compreensão das mensagens bíblicas ficaram aquém, sinto que ele ficou do lado de fora da porta. Ele entreviu um Deus mau, ele entreviu um Deus de vinganças e de castigos que abundam na Bíblia, mas há muitos mais mistérios para descobrir neste livro que, dizem muitos, cega o entendimento, que é um puzzle misterioso e com peças tão subtis que parecem impossíveis de se encaixarem.
Também eu, quando leio o Livro de Jó compreendo a inquietação de Saramago, também não consigo compreender que um pai amoroso, um pai de amor verdadeiro, sujeite àqueles horrorosos sofrimentos e provações um filho muito amado, um filho exemplar no seu amor ao pai, só para provar ao seu arqui-inimigo que Jó o ama e lhe é fiel. Que necessidade tem Deus de provar ao Diabo que é Deus? Fraco entendimento o meu! Outro grande mistério, que também me deixa aquém que me deixa à porta..
Que razão ou que razões fazem com que o mensageiro que vem à frente, que prepara o caminho para a vinda do filho de Deus, clame no deserto? Conforme está escrito no profeta Isaías:
"Enviareis à tua frente
o meu mensageiro;
ele preparará caminho...
voz que clama no deserto:
"Preparem o caminho
para o senhor,
façam veredas rectas
para ele"
Que combates travou aquela voz no deserto? Que "legiões" arrasaram o poder da voz e o poder das palavras que proferiu João Baptista? Porquê no espírito ("lá no deserto"), se o Messias vinha para a salvação da carne? Porquê primeiro, muito primeiro "lá" e não "cá"? "Lá", onde a escala de cinco notas (sentidos) de "cá", é insuficiente para apreender a "música" de "lá"? Muitos e tão grandes mistérios esconde este puzzle...
Porque é que o Omnipotente não optou por destruir imediatamente a Torre de Babel, não optou por cortar cerce aquele "mal" e, em vez disso, disse: «Vede, eles não são um povo e têm uma língua; e isto é apenas o começar do que eles farão; e nada do que se propuserem lhes será impossível. Desçamos, pois, e confundamos a sua língua, para que não se possam compreender uns aos outros» (Genesis XI,6-7).
Pois é! Não foi nem é sem um grande propósito que sempre se confundiu e adulterou a linguagem, reservando para alguns poucos "Iniciados" o seu conhecimento mais autêntico e profundo, por forma a, apenas eles, terem maior entendimento do mundo e dos factos. Também é devido a razões profundas e nada nobres nem altruísticas que, recentemente, se atacou tão violentamente a Língua Portuguesa com o presente (des)Acordo Ortográfico, tal como também se está a atacar a Língua Francesa, como também se está a atacar a livre circulação de ideias e de informação com a alteração dos algoritmos no Facebook e na Internet e...e...e...., tudo com vista à destruição deste puzzle já de si muito complicado!
Regozijei com a atribuição do Nobel da Literatura ao Bob Dylan porque as letras de muitas das suas canções, são "cliques", são "pontes", são "portais", são "elevadores de ascensão meteórica" tal como as letras de tantas e tantas canções doutros "descodificadores" doutros "São Pedros" terrenos igualmente portadores de muitas chaves, igualmente abridores de muitas portas...
Apenas mais um pequeno desabafo. Não sei porquê, mas de vez em quando tenho de me exprimir assim. Nestas alturas não sei para quem escrevo nem sei para quantos escrevo, não sei quando e a quem servirá, mas tenho de deixar escrito desta forma. Sei que com mais mil palavras este texto tornava-se muito mais "entendível" mas ainda não é tempo...ainda não é tempo! Ainda há muitas portas por abrir, ainda há muitas dimensões para transpor, para descobrir...
Gosto de Puzzles!
Sou fascinado por puzzles! Quanto mais pecinhas tiverem, quanto mais difíceis forem de montar, mais me fascinam! Maravilho-me a espalhar as milhares de peças sobre a mesa. Encanto-me a procurar, remexer, seleccionar, organizar, comparar, ver se encaixam e se apesar de encaixarem, pertencem mesmo ali, ver se não são embusteiras... Gosto de passar dias, muitos dias naquela "luta" de concentração, naquela luta com elas e comigo... Fascina-me ver o sentido, a ordem, a organização a crescer, a adequar-se, a compor-se. Fascina-me vê-los crescerem em várias frentes e a caminharem harmoniosamente para a conclusão. Por isso, me fascinam tanto as obras de engenharia civil e os seus estaleiros, chego a pensar que tenho um cérebro de matemático ou de engenheiro.
Texto (Puzzle) Grito!

*Este texto foi escrito segundo os termos da ortografia anterior ao recente (des)Acordo Ortográfico.

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