Até que enfim! Graças ao heroísmo, à coragem, à troca duma vida por todas as outras, os meninos estão salvos!
Ficaram sequelas graves em todos. Ficaram sequelas que o tempo se encarregará de revelar e que também se encarregará de sarar a maioria.
Nunca mais nenhum deles será a mesma pessoa. Nem tudo o tempo sara...
Nesta crise, nesta tragédia, manifestou-se a parte mais linda da natureza humana. Ficou provado que a parte emocional controla ou descontrola a maior percentagem das reacções do ser humano.
Com as nossas crias não se mexe! Com as crias humanas não se brinca. Estou convencido que no nosso inconsciente assumimos cada criança em perigo como uma cria nossa.
Com uma poderosa corrente emocional combatemos aquela desgraça com uma única graça, a da esperança.
Venceu a graça da esperança por escassas horas porque, ao que soube, uma hora após a saída do treinador, avariaram as bombas que retiravam a água da gruta.
Milagre! Gritaram e gritarão muitos milhões!
Sem qualquer desrespeito pelo heroísmo e pela abnegação de todos os envolvidos, quero realçar especialmente três dos grandes actores desta tragédia:
- Em primeiro lugar, realço o mergulhador que morreu. Pondo de parte todas as considerações acerca do seu heroísmo, direi que ele simboliza a tragédia. Ele simboliza a tragédia que se podia ter repetido dezenas de vezes. Pagou o preço! Pagou o preço mais alto de todos os preços! Tudo o que eu disser a mais, é floreado, é rendilhado, é repetição, é camada em cima de camada... é inútil!
- Em segundo lugar, quero destacar o "menino", o jovem treinador. Quero destacar esse "HOMEM", esse grande homem, esse líder nato, essa super MENTE que segurou a sua própria mente e todas as restantes mentes ainda infantis. Quero realçar essa mente que segurou no seu colo todas as outras mentes... Que força! Que poder extraordinário! Donde lhe terá vindo tamanha força?...
- Por fim, realço o médico anestesista. Realço a sua força, a sua determinação, a sua frieza racional! Nele, vimos a ciência aliada à coragem, à crença e à determinação... Nele vimos o potencial da humanidade!
Depois disto tudo, quero apenas referir o amargo de boca que me fica.
Esta emoção que supera a toda a razão, é a mesma que com inexplicável indiferença, apatia ou alheamento, ignora a morte atroz de milhares de crianças na República Democrática do Congo e no resto do mundo.
Que humanidade é esta? - gritou desesperadamente José Saramago no seu nobel inconformismo.
Estas palavras, -"Que humanidade é esta?!"-, ecoam repetidamente na minha alma.
Pensando bem!, direi: - Que imprensa é esta?! - que manipula e condiciona tão desumanamente a humanidade.
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