A noite é um candeeiro mal apagado.
Sabe Zeus até onde em si é morto o desejo
E, quando recomeça o ensejo, de final de tarde para outro candeeiro quase em apagão. Não, a si, eu não vejo
O que é aquilo? Viro-me noutra noite, noutro destino, à pala da sua mão, que me olha
E, de um nada, já é outra noite
Que nos pisa forte, que nos atira para norte, para sul, não interessa, desde que haja saída
Que nos dá um beijo em sorte, que nos rouba e dá vida
Troca de toca de nada, data esquecida, coisa perdida, um amigo meu que não está em casa e acha que o chão da rua é a sua almofada, nua, sem ter de ser enjeitada, nem medida
Um ajantarado não, um simples nada, um arremesso de folhas na má mão e na outra uma ideia pensada
Tentada de criar questão
Em toda a cidadela acedida de escada em escala
um pássaro pouco pássaro, nada forte, eu sento-me e tento-lhe a sorte, raspo, raspo, ideia tola, ainda lhe fico mais pobre
O tamanho dos candeeiros pode ditar-nos a vida, o que nela é imago e o que nela é sorte ou origem
Encontro rasgos de passos e mais passos...
"Bailarinos acústicos" de todo o lado, os sinceros, os que fingem
Juro, posso viver mil vendavais e, a minha mão continua cheia de areia virgem
O pássaro que falo, à mesma morre e, sem me lembrar o esqueço
E, percebo porque me esqueço tanto o que me dizem
Quando a noite cai, conversas do tudo aconteceu...encerram a actividade social, tudo se dá mão na mão, e o pássaro coitado, consigo pobre na agenda de bairro, dança até tentar cair, sozinho, lá ao fundo, já no barco, o único autorizado
Em Ode de poder dizer olá e adeus, tudo num só, ao mesmo pássaro, solto e preso, em vertigem

Um tempo de pássaro, passa sem fim, dizem