A «Canja a Doentes» é uma receita gastronómica que foi servida no século XIX, nos primeiros dias de agosto de 1808, a Arthur Wellesley, depois de ter desembarcado com as suas tropas no Cabedelo, na Figueira da Foz.
Debilitado pela viagem, o general inglês Arthur Wellesley estabeleceu o seu quartel-general nos Armazéns de Lavos quando vinha ajudar na luta contra os franceses comandados por Napoleão Bonaparte. Perante o estado de saúde do general, a população lavoense serviu-lhe uma canja própria para doentes, que levou a uma rápida recuperação física do então Duque de Wellington.
Depois desta receita milagrosa, o próprio general descreveu-a numa carta endereçada a sua esposa, carta esta que se encontra no livro de memórias da duquesa. O prato é, ainda hoje, confeccionado exactamente do mesmo modo, na região figueirense, mas que nunca foi muito utilizado para promover a região.
No final dos anos 80 o empresário Mário Esteves, do restaurante Caçarola Dois, quando tinha o restaurante Aquário, lançou a «Canja a Doentes», que registou assinalado êxito durante alguns meses, mas que acabou por cair em desuso.
Nesta quadra pascal foi pensado – entretanto adiado devido às condições climáticas adversas – o «Mercado do Duque», uma feira que tinha na sua ementa precisamente a «Canja a Doentes». Aproveitando todo este envolvimento em redor desta receita, o Restaurante Caçarola Dois proporcionou hoje, ao grupo gastronómico «Os Amigos da Boa Mesa», uma Canja a Doentes, no qual participaram também Manuel Domingues, vereador da autarquia figueirense e Rosa Batista, presidente da Junta de Freguesia de Buarcos e São Julião. A presença destes autarcas pode contribuir para um projecto turístico alargado entre regiões (Rota das Invasões) mais abrangente, que envolva os municípios da Figueira da Foz, Mealhada, Mortágua e Penacova, autarquias que também foram palco das lutas contra os franceses.
A título de informação, a «Canja a Doentes» é um prato que não figura no cardápio do restaurante, mas que pode ser servido sempre que encomendado.
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