Menina outrora linda,
desencaminhavas os olhares quando te passeavas.
Olhos turvos carregados de idade seguiam- -te a passada e os límpidos da mocidade também.
Os deles recordavam-se de ainda rapazinhos,
os delas quando também foram assim...
Seguias alheia ao turbilhão de emoções que causavam
as flores bamboleantes estampadas na vaidade do tecido curto
do teu vestido pelas costas ao longe admirado,
mas sabias, sabias... sabias bem demais o que fazias...
acordavas memórias, sonhos, vulcões dolorosos,
mas ainda não sabias, não sabias... não sabias...
da velhacaria do tempo que nos passa despercebido...
Já contigo deste lado do muro,
a roda da vida repete-se e,
agora vês o que os deles e os delas viam,
sempre que seguias indiferente
ao turbilhão de memórias,
sonhos,
emoções
e vulcões dolorosos que causavas...
Meninas e meninos lindos d′ agora,
não há flores bamboleantes estampadas na vaidade de tecido algum,
de vestidos curtos ou compridos que valham,
de frente ou costas, de perto ou longe admirados,
pois...
essa beleza é efémera.
A verdadeira,
ainda que coberta com vestidos curtos ou compridos,
com as flores já dependuradas, desmaiadas,
ou até carregada de negro luto tremelicante,
assolapada com as rugas sofridas na vida,
é eternamente bela,
hajam olhos capazes de vê-la!
NB: Este texto fez-se dentro de mim ao cruzar-me agora com uma bela efémera do meu tempo de rapazinho. Agora, ela viu-me e, eu também a vi verdadeiramente...
Walter Ramalhete.
Figueira da Foz, 25 de Agosto de 2024.
Este texto foi escrito nos termos ortográficos anterior ao actual (Des) Acordo Ortográfico.
Reservados todos os direitos de autor.®
Inicie sessão
ou
registe-se
gratuitamente para comentar.
|
O «Figueira Na Hora» é um órgão de comunicação social devidamente registado na ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social). Encontra-se em pleno funcionamento desde abril de 2013, tendo como ponto fulcral da sua actividade as plataformas digitais e redes sociais na Internet.
design by ID PORTUGAL