Isso mesmo! Estou a falar dela, estou a falar da morte. Ela é certa, porém o seu quando é incerto. Nestes últimos anos a "certa" tem dizimado, tem espezinhado muitas flores do meu jardim. Hoje, sem que nada fizesse prever, ela roubou-nos (agora falo no plural) o nosso PRÍNCIPE - a nossa caturra.
Disse Saramago que a morte é a ausência e, efectivamente, naquele espaço - seu durante catorze anos - e, também nos nossos corações, paira a ausência revestida duma saudade dolorosa, atroz, densa, pesada, pesadíssima, aterradora, cheia de gritos enormes que só nós escutamos, mas tão reais quanto foi aquele PRÍNCIPE nas nossas vidas! Ele era um membro da nossa família! Eramos família. Era um filho, um amigão, um companheirão, passava horas sobre o meus ombros e adorava andar sobre a minha secretária a tentar roer os cabos ligados ao computador; angustiava-se quando ouvia as sirenes das ambulâncias; ainda bebé dormia dentro de um Iglo de pano que a "mamã" punha sobre a mesinha de cabeceira, dormia com o manito Rodrigo - um ursinho de peluche pouco maior que ele, depois teve de aprender a dormir no poleiro; adorava a hora do Karaoke, fazia uma farra ao despique com as outras via NET. Só voava dentro de casa, mas navegava muito; tinha muitos brinquedos e adorava ver-se ao espelho. Tenho de parar por aqui porque a saudade...
Como é que um ser tão pequenino enchia a nossa casa?
Meu PRÍNCIPE, só morrerás quando nós também morremos, quando nós também cumprirmos o nosso caminho, até lá, sentiremos a tua ausência, mas estarás sempre dentro dos nossos corações!
Certus! Certus! Infelizmente!
"Inté!", sempre nosso PRÍNCIPE!

Walter Ramalhete.
Figueira da Foz, 8 de Agosto de 2024.
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