E que me perdoem os leitores que se sentirem invadidos por um sentimentalismo que não lhes diz respeito.
Este post hoje é uma homenagem muito pessoal, à minha Mãe, que hoje faria 100 anos. Partiu há oito anos, lúcida, sensata, informada, preocupada com os outros - como foi durante toda a sua vida.
Recordo-a neste poema que fiz em 2010.
A Mãe
Ligeira e elegante ainda a recordo
Uma presença em todos os momentos,
Ora mexendo a enorme panela
Ora lavando, passando, remendando
As montanhas de roupa dos rebentos.
Aos Domingos, dias santos e de festa
Apesar de toda aquela trabalheira
Punha a blusa de seda e o lenço pelos ombros
E com as amigas e vizinhas lá do largo
Jogava à péla, aos ganizes, às poleiras.
Com cinco filhos e um marido ausente
Era o pilar daquela casa atarefada
E quando ela cantava em momentos de crise
Sabíamos que a seguir viria a frase
“Quando ela vai cantada, vai danada!”
Passaram os anos, saíram os filhos
Entraram os netos e mais os amigos.
Grande e atafulhada a mesma panela
Mesa sempre posta, braços sempre abertos
Venha quem vier, todos são bem-vindos.
Muitas das lembranças, doces quase todas
Ficaram gravadas como numa tela.
Ralhetes, cantigas, castigos, risadas
Casa sempre cheia, família e amigos
E aquele cheirinho a café com canela.
Quem me dera ser como ela é,
Mãe, avó, amiga, guia, confidente.
Quando um dia partir não morrerá
Porque a sua influência é tão marcante
Que há-de ficar connosco eternamente.
(AMC - Setembro 2010)
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