Crónicas de tudo e de nada: Uma ida à escola

Ontem vivi mais uma experiência memorável.
Não é a 1ª vez que vou às escolas primárias dos meus netos fazer o meu papel de avó (ler histórias, fazer doce de abóbora ou participar numa sessão de treino para crianças com medo de cães), mas foi uma situação nova ir ler uma história a alunos do 1º ano, neste caso à turma da Vittoria, na Escola das Abadias, a funcionar temporariamente em contentores no Centro Escolar de Tavarede.
Fui recebida por uma professora entusiasmada e agradecida, e duas dezenas de crianças que me acolheram com grandes sorrisos, olhos brilhantes ou cabeças baixas, consoante os seus estados de espírito.
A história que escolhi foi “Jack nas ondas do mar” da autoria da minha grande amiga, Maria Isabel Loureiro, autora de literatura infantil que publicou, na sua abençoada longa vida, mais de cem livros didácticos, entre os quais vários manuais escolares. Falei às crianças nesta Senhora, um exemplo de energia, sensibilidade e lucidez, que poderia ter sido professora dos seus avós e que continua a escrever contos infantis como se não houvesse amanhã.
Não foi por acaso que escolhi esta história, tenho de confessar. É porque para além do belíssimo conteúdo e da excelente lição de cidadania e respeito pelos animais que dele se retira, as ilustrações foram feitas por mim, há uns bons seis anos, em pedacinhos de tela pintados a acrílico, ainda sob o olho crítico e vigilância de outra boa amiga - a saudosa Tesha.
As crianças entenderam perfeitamente a moral da história e no final, quando lhes perguntei o que tinham aprendido com a leitura foram muitos os braços no ar, ansiosos por participar e prolongar aquele intervalo alargado.
Palmas e “obrigado” cuidadosamente orquestrados pela Professora culminaram aqueles excelentes 40 minutos que recordarei com carinho.
Em tempos de turbulência e instabilidade devemos apreciar todas estas pequenas coisas que nos fazem sentir vivos e abençoados.

(Alice Mano-Carbonnier)

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