Crónicas de tudo e de nada

E porque hoje acordei mais velha um dia do que ontem (surpresa!...) deixo-vos um poema meu publicado no final de 2023 no livro "A Cor da Minha Alma", Vol. 4 da Antologia de Prosa e Poesia Contemporânea Ilustrada da Ass. da Amizade e das Artes Galego Portuguesa.

Rugas

Não lamento as minhas rugas
São sinónimo de tempo.
Tempo bom e tempo mau
Lágrimas e gargalhadas
Pela vida semeadas
Em permanências e fugas.

Não desdenho as minhas rugas.
Elas são cada arrepio de medo
Cada momento de orgulho
Cada hora de ansiedade
Cada pó de felicidade
Cada batalha perdida
Cada glória conseguida
Cada sopro de esperança
Em tempestade ou bonança.

Não tivesse eu vivido tanto tempo
E a minha pele estaria lisa e firme
Sem manchas nem gelhas
Varizes, verrugas…
Ou talvez não!
Talvez isso significasse apenas
Que não tinha ido longe a minha sorte
E que esse “estado de graça”
Se chamava apenas…morte.

AMC
Ilustração da autora: "À tona de água", acrílico sobre tela

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