Deus me perdoe se for pecado. Amém!

Dai-me o azul do azul sem fim
e um par de asas para o rasgar.
Dai-me o sabor a mar do amar
quero nos dois nadar em mim.
Dai-me baloiços, recreios e risadas
joelhos arranhados, bolhas de sabão,
gomas, chupas coloridos na mão,
bolas, golos e chuteiras esfoladas.
Dai-me do vento muito forte,
e papel às cores, cola, barbantes...
lançados em voos virados e secantes
nas ventanias frias corridas do norte.
Dai-me do sol radioso e brilhante,
nos tons do amarelo ao creme.
Dai-me do amor os afagos treme-treme,
quantos os dias das bodas de diamante.
Da selva verde, dai-me gnomos e fadas,
aromas e fantasias do folhedo farfalhado,
os cantos dos pássaros nele baldados.
Do verde selva, choro saudades amadas!
De quanto eu perdi, dai-me a infância,
com ela o colo da minha mãe também.
Que tudo o mais perde a significância,
Deus me perdoe se for pecado. Amém!

Walter Ramalhete.
Figueira da Foz, 9 de Janeiro de 2025.
Este texto foi escrito segundo a ortografia anterior ao actual ( Des) Acordo Ortográfico.
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