Eu nunca iria, em circunstância alguma, ao Catar. Não iria passar férias lá; não iria porque só reconheço legitimidade à RE-A-LE-ZA do carácter e à dos bons e sãos princípios edificadores duma humanidade verdadeiramente humana ( passo o intencional pleonasmo) e, por isso, só essa cultuo e alimento; não iria pasmar-me com o luxo e a "grandiosidade" de betão que é o reflexo da apropriação e da exploração desavergonhada, ilegítima e indecente dum recurso da natureza e de toda a humanidade -o petróleo; nunca iria porque são as mangueiras das nossas bombas de combustível que pagam aqueles devaneios megalómanos sobre as areias do indomável deserto que um dia as tragará!
Poderia preencher muitas páginas com as razões pelas quais nunca iria ao Catar. Que benefícios aporta o Catar para o são desenvolvimento da humanidade, para a ciência, para a cultura, para a arte e para, e para, e para...? Sem dúvida que o Catar aporta automóveis luxuosos revestidos a ouro, torneiras, banheiras e até sanitas de ouro maciço, animais ferozes adestrados como gatinhos, mulheres reluzentes e as mães parideiras reprimidas e submetidas pelos "homens" maldosos que pariram, alazões brilhantes e garbosos e até falcões menos rapaces que os donos - mas só!
Infelizmente assisto com muito desgosto e supremo desagrado ao triste espectáculo dos nossos "dignitários" políticos quererem ir ao Catar à custa do erário público duma nação onde cresce, cresce, cresce desavergonhadamente uma pobreza envergonhada.
Até quando nos permitiremos suportar tais "dignitários" ?
Eu não tenho outras formas de protestar senão estas: escrever o que acabei de escrever; manifestar que nunca iria ao Catar e assumir que não assistirei a nenhum jogo deste mundial de futebol, pese embora, deseje a melhor sorte a todos os jogadores, os "gladiadores" de luxo do tempo actual.

Figueira da Foz, 21 de Novembro de 2022.
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