Não mandamos, nem tampouco desmandamos!

Repito os mesmos erros com uma cadência igual à das metralhadoras quando elas cospem balas –passo o exagero! Não sei porquê, mas há certos erros (a nossa língua é tão enganadora, podem os erros serem certos?) que repito amiúde. Atraiçoo-me e atraiçoo os outros sem querer, atraiçoo quando combino e apalavro para amanhã, quando prometo que amanha faço…, amanhã isto… e amanhã aquilo…, amanhã…, amanhã…, amanhã…, o tal amanhã que…, de repente, para eles, deixou de existir, o tal amanhã que nunca mais chegará! Jamais existirá!
Depois…, quando a realidade me colhe, quando me cobra pela minha displicência, quando me escarra violentamente na cara, quando estatela a minha sobranceria no chão -como faz às cores dos ovos- por causa da minha ousadia de pensar que mando alguma coisa, quando na verdade ninguém manda nada, nem nada desmanda, porque a vida (esse tempo -esse instante sem futuro, preso num passado de memórias) não é como queremos, –nada mandamos-, nem é, tampouco, como não queremos, porque também nada desmandamos!
Neste engano estúpido, neste erro consciente e repetido, tenho deixado partir alguns amigos (companheiros desta viagem com aleatório e predestinado número de ordem na fila da morte) sem ter tido a tal conversa…, sem ter tomado o tal café…, sem deles ter colhido as tais memórias que eu perpetuaria a preto no contrastante branco.
Perdoa-me Quinito! Perdoa-me porque não colhi as tuas memórias. Não fomos tomar as tais “bejecas" com que derramarias litros das tuas histórias, vivências de rei e memórias que levaste encerradas no livro selado da tua passagem pela vida. Partiste de repente, partiste sem estares a contar e sem eu estar a contar, porque eu repito os mesmos erros com uma cadência igual à das metralhadoras quando elas cospem balas
Perdoa-me também tu, amiga! Sonhei os teus sonhos nos teus versos simples, e viajei nos teus poemas, homenageei-te na minha escrita ainda em vida, mas adiei o mergulho da verdade no teu olhar. Nunca ouvi a tua voz! Nunca olhei para dentro dos espelhos da tua alma, porque…, porque por comodismo nunca fui ter contigo para tomar o tal café… Aquele primeiro café que, se se tivessem cumprido as promessas, teriam sido mil, açucarados com versos, poemas e conversas de doce mel. Amiga!, faltei sempre, faltei sem nunca te ter mentido, apenas adiei para amanhã… Nem quando te disse que morava na Lua, donde esporadicamente me ausentava para descer à terra para nela me desconcertar no acerto da vida fingida. Partiste em dor minha amiga, partiste sem nunca nos termos visto, porque eu repito os mesmos erros com uma cadência igual à das metralhadoras quando elas cospem balas.
Assim aconteceu.., acontece…, e acontecerá certamente…, porque eu –parvo- continuo com a ilusão que mando e, afinal, nada mando, nem tampouco desmando nada!
Repito os mesmos erros com uma cadência igual à das metralhadoras quando elas cospem balas –passo o exagero! Não sei porquê, mas há certos erros (a nossa língua é tão enganadora, podem os erros serem certos?) que repito amiúde. Atraiçoo-me e atraiçoo os outros sem querer, atraiçoo quando combino e apalavro para amanhã, quando prometo que amanha faço…, amanhã isto… e amanhã aquilo…, amanhã…, amanhã…, amanhã…, o tal amanhã que…, de repente, para eles, deixou de existir, o tal amanhã que nunca mais chegará! Jamais existirá!

*Este texto foi escrito segundo os termos da ortografia anterior ao recente (des)Acordo Ortográfico.

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