A tecnologia muda a cada dia que passa, Marte está mesmo ali ao virar da esquina e a vida das mulheres não mais é a mesma. Mas tal como levou milhares de anos até a tecnologia dar um grande salto e o primeiro foguetão ser lançado, a mudança do papel da mulher dentro de uma casa está ainda a nascer. E o tema de “mulher trabalhadora” é um daqueles temas que precisa de começar a transformar-se.
Quando imagina um homem trabalhador, o que lhe vem à cabeça?
Possivelmente imaginou alguém com um trabalho fixo que requeira algum esforço físico.
Ou talvez um homem com uma “carreira de sucesso”, sentado no escritório até ir para casa ao final do dia.
Repare que as tarefas domésticas que esse homem fará (ou não) quando chegar a casa, depois desse dia de trabalho, em nada contribui para o facto de a sociedade o achar uma pessoa trabalhadora.
Já quando lhe pedem para imaginar uma mulher trabalhadora, o que vê?
Aqui as coisas podem ficar um pouco mais confusas. Regra geral, uma mulher trabalhadora é o
que a sociedade chama de “mulher desenrascada”. Sabe fazer tudo. Trabalha durante o dia e à noite tem as tarefas que a vida, a sociedade, mas principalmente ela própria lhe atribui.
Se uma mulher regressar do trabalho, se sentar para jantar e dirigir-se de seguida para o sofá para ver sossegadamente um pouco de televisão, é bem provável que seja pejorativamente apontada por todos, e de certo muito menos considerada “trabalhadora”.
O tema adensa-se quando mais e mais mulheres constroem carreiras. O trabalho não é apenas um meio de sustento, é algo que requer esforço mental diário, novas aprendizagens. O trabalho não é mais algo estático, é uma constante mudança: mudança de responsabilidades, de problemas novos que requerem soluções novas, deadlines que lhes tiram o sono. É muitas vezes voltar atrás, cair, e ter força renovada para chegar ainda mais alto do que antes da queda.
Bem sei que tudo isto se aplica também ao homem, e exactamente com o mesmo mérito.
Quanto ao nosso tema, de mulher trabalhadora, nem sempre temos a facilidade de reconhecer estas mulheres, talvez por falta de compreensão e empatia, como trabalhadoras.
Apesar de ter lutado para o seu salário ser suficiente para pagar para quem lhe faça determinadas tarefas, a verdade é que, generalizando claro, essa mulher que se senta num
computador o dia todo e não cozinha nem limpa o que quer que seja, muito dificilmente vai ser vista como uma mulher trabalhadora por aqueles que estão fora desse seu mundo empresarial.
Talvez até seja considerada um pouco arrogante: “Se eu faço todas estas coisas em casa, ela não o pode fazer porquê?”.
O mundo muda, é certo, e este é um tema que considerando a nossa história é mais do que recente. Normalizar uma mulher concentrada na carreira é como se fosse ainda um embrião acabado de ser gerado, que precisa de crescer.
Todo o ambiente ao redor das novas tecnologias e das start-ups é talvez onde muitas mulheres que investem na sua vida profissional mais se sentem valorizadas, onde a sua vontade de crescer é partilhada com pessoas do mesmo género. E aos poucos, acredito que esse espírito se vá espalhando.
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