Paris a cidade das rosas por excelência!

Vejo muito mais do que olho.
Olhar, é passear despreocupadamente com os olhos.
Ver, é caminhar com os olhos atentos.
Ver, é registar muito mais do que o óbvio e imediato.
Caminho muito mais do que passeio.
Ontem, enquanto caminhava, vi nas imediações da entrada do museu do Louvre um par de jovens sentados num pequeno muro de apoio aos visitantes durante as longas e demoradas filas de espera para a entrada no museu.
Esse par era um casal, era um desses casais que se formam durante a breve estadia de alguns dias esgotantes dumas férias em Paris.
Notava-se pelas respectivas indumentárias que provinham de meios diferentes e ressaltava também que as sensibilidades e gostos eram muito desiguais.
Ele trajava uma camisola grossa branca com riscas azuis e vermelhas e um gorro à moda das docas inglesas. Era espadaúdo, alto e forte, possuía até uma constituição física intimidatória.
Ela era de fino grácil, elevava-se numas botas de cano alto, castanhas claras, trajava uma saia xadrez, camisola lisa de lã e de gola alta, composta num casaco a meia altura, tudo a cremes claros condizentes e de sabores burgueses.
Eles contrastavam em tudo, eram água e azeite misturados pela agitação forçada de tanto quererem conhecer o lado diferente de outras vivências.
Num dado instante, captei o momento em que um gaulês, fino loiro branco suave, de cabelo encaracolado, desembaraçado, "en passant" lhe estendeu uma linda rosa vermelha que
ele, com aquele físico intimidatório e com o seu braço comprido, impediu e atirou ao chão,
ela -foi nesse instante que a vi inteira, grácil e assim vestida- resoluta, levantou-se, apanhou a rosa caída, correu para o gaulês fino loiro branco suave, de cabelo encaracolado, desembaraçado, e deu-lhe a mão,
enlaçadas as mãos num sorriso lindo,
fugiram ao intimidatório e grosseiro de gorro de lã das docas inglesas, com quem ela, na verdade, nada tinha a ver, nem nada a descobrir,
mesmo que só durante umas curtas férias em Paris,
a cidade das rosas por excelência!
Ver, é caminhar com os olhos atentos. Ver, é registar muito mais do que o óbvio e imediato. Caminho muito mais do que passeio.

Walter Ramalhete.
Figueira da Foz, 1 de Abril de 2023.
Este texto foi escrito segundo a ortografia anterior ao actual ( Des) Acordo Ortográfico.
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