Tenho saudades de fugir da chuva
tocada a vento vindo do mar.
De a ouvir cair com ganas de ensopar
e ouvir a sua batida vigorosa na rua.
Apetece-me passar a noite enroscado na lua
deitados sob o manto das estrelas
a tremermos ao frio do relento, mas a vê-las
ao som dos latidos das raposas nas uvas.
Tenho saudades dos aromas da alegria
de saborear sorrisos felizes e confiantes
nos luminosos rostos delas, como dantes
a caminharem alegres nas suas folias.
Apetece-me uma tarde soalheira na esplanada
atravessada por vestidos finos de cambraia
outras cobertas de fantasias em minissaias
e sorver a felicidade das mulheres deslumbradas.
Tenho saudades de viver sem medo
de abraçar, beijar e também do meu mar
dessa imensidão de ondas de amar
que vão e vêm em constantes arremedos.
Apetece-me rir feliz novamente
abraçar o cão e o miado do gatinho
voar no trinado do passarinho
esparramar-me mole na areia quente.
Tenho saudades juntas de muitas gentes
de mergulhar nos olhos dos meus amigos
subir às árvores e apanhar figos
e de fazer coisas simples, simplesmente.
Tenho tantas saudades minhas
Apetecem- me os antigos risos desbragados
Tenho saudades daqueles abraços…
Apetecem-me mais de mil miminhos!
Apetece-me gritar-lhe muito forte
Tenho saudades da minha liberdade
Apetece-me voltar a viver, é verdade!
Tenho saudades de tudo o que me era sorte.