Nossa senhora. Meu Deus.
quem me dera poder-vos dizer
sem anúncios nem conversas calmas meigas, brutas ou alvas – todas as preces juntas, unidas, prostitutas
as ínfimas formas de um ser se explicar a outro ser
porque tu não sabes e te despedes- e não queres saber ou lembrar ou esquecer - e deves tanto que não deves nada
– será que foi a vida. Os Homens. Os Deuses. As Dúbias. As Neblinas. Não foi. Foi a vida e nada foi.
Mas o que é isto
que para eu falar - tenho impreterivelmente
de falar para mim - aos berros, mudo - quase que me exausto
no tanto que ironicamente quero saber
os pés e os extras que nos são as mãos parados. paradas. sentidas
em todos os possíveis sentidos nos significativos de cada fala, os verbos tornados em adversários em guerras ocas e parvas
Porquê. Porquê. Os Advérbios. Prefiro sonhar do que o saber
não há quem o diga. Alegro-me nessa ironia
Candidamente. Tristemente. Como tudo tem de ser.
É como uma regra - divinal, diabólica, mágica
porque os meus pés e mãos são normais e normativos - no que podem e no que são - nas suas próprias infindáveis e pessoais e intransferíveis normas e normativas- porque não falam, bem-hajam cada pé e cada mão
tudo que em si - faz e não faz de mim
por acréscimos, por esmolas, por aspas
por raspagem – por canoagens de um dia chuvoso de verão
alguém que sinta o que sinta. Assim. E, que o tente escrever também e que o escreva e que o sinta
paro e sigo em frente - muito além de qualquer nexo desta porta que abre o que fecha e fecha o que abre sem possíveis princípios e fins - porque é assim este viver. Pergunto-me porquê e não me permito perguntar porquê. Não posso. Não mo permito. A causalidade casuística ensina, é só querer aprender
é essa a minha condição : onírica, plasmática, a epiderme hirta, rasgada, complacente
aqui e ali
em toda a esquina
também naquela praça – onde te vi viver
onde param as pombas. As pombas cadavéricas e anafadas de tantas filosofias eutróficas que as afligem.
Não nós. essas. para comer. que comer. As pombas. As pombas. Que desembocam as pombas na boca quando estão no chão a comer
insisto
insisto comigo e não comigo
- porque eu conheço-me e não me conheço como quem insiste o que concebe para si– sou inconcebível
a insistência é isto: um acerto, uma dúvida e outro desacerto, duas pedras reboliças anabólicas e análogas que pertencem ao mesmo cesto no mesmo arquétipo sim heleno - paradas, inquietam os deuses, viradas - de costas esguias, altas - em decoro de toda uma existência única, mecânica, santa, parva
serás uma santa e eu rezarei para ti sem saber
muito para os aléns de se ser isto ou de se ser aquilo
até acho graça por ser isto e não ser aquilo
a convexidade inversa de Nossa Senhora e seu filho - os arquétipos maiores que tem cada umbigo
calo-me e escrevo- como quem
sabe todos os seus caminhos por graça e desgraça
porque ver sem ver nada porém – é destino
é uma doença e o seu remédio, passou bem - dizem- coitadinho -para aléns –um grémio
uma indecência indecente quase peripatética, quase aristotélica, artística - é o que te digo, tirando isso mais nada me sei dizer e assim direi. Será esse o meu eterno castigo
direi, sirene - direi, sirene
Sirene mais não direi. Então falo. Coexisto. Penso. A boca abre toda a minha memória - fulgurante, autuante em astúcias e perspicácias sem eu nada poder fazer
Coexiste tudo em mim que sente, por cada meu perplexo. Não digo. Não digo. Penso.
e saio dessa caixa matriz de forma de cruz rendada a pregos
há dois mil anos em frenesim - sozinho como o primeiro pecado de todos nós que nascemos cegos a ver
porque Deus assim me fez - indecente- como Ele, sozinho - um semi-deus servidor, um pobre homem fito, enquanto puder criar o que crio –estou feio. Estou bonito. Estou incompleto e concretamente feito e definido
para sempre, achado e perdido como toda a criação o é
Um do seu início e do seu fim - sem um mesmo fim nem um mesmo início - ainda há tantas arcas de Noé em mim
um eterno que escreve o que não fala
e, não pode falar o que escreve - porque assim não para, nada para - o mundo perderia a cruz, viraria uma caixa quadrada de pregos fartos
E, eu já vi o que Lhe acontece nessa matriz de destino de cada homem e mulher infeliz, essas duas cabeças fabulosas, lendárias e prodigiosas - arrancadas que são às nascenças, por outra gentes de nossa Senhora. Que nossa Senhora. A mãe
Prece. Irmãos oremos até ao amanhecer
um cão que insta por desgraça que nos chega em raiva, com esgana que tudo corrói e tudo mata nos ferros nos lugares únicos, alcançáveis dos dentes - e o que Ele aos homens, morde, fere e barafusta e desgraça- uma desgraça
não quero ver nada disso e disso nada queiro ver
e, espero que nunca queiras ver. Espero sem o poder querer
Prece. Oremos irmãos até ao amanhecer
além disso e o que há mais, há outra vida que passa bem mais alegre, por ser injusta - estou-me a tentar dizer. E, como mo dizer. Não digo. Pronto. Não direi e tu não dirás, as magias intrínsecas e prostitutas que se fazem difíceis e são tão fáceis: essas de saber viver
a vida como bem comum: pode e deve prevalecer nos céus e na terra - o que prevalece sem realmente nada prevalecer- é o que há nos afins, a minha definição de amor carnal, impressionante, imprudente- uma efervescência -sussurrada em poética de um amanhã, por ser e não ser tanto, por ser e não ser nada, um Todo, todo sozinho por divino encanto. Esse tanto que é escrever o que eu não me digo
Porque, nós estamos cá - queres-me dizer -onde- neste jardim de tanto pântano efémero
Na vida, e o que é a vida, e o que são os homens, os Deuses, as Dúbias, as Neblinas
O que é que existe? O que é que aconteceu ou acontece ou acontecerá, qual é a tua vista, o que vês, o que realmente vês - peço-te a verdade. Nossa Senhora. A mãe! O amor. O amor é o que dá
a razão à verdadeira invenção da prece – porque oram os irmãos
Não é porque querem isto ou é isto a vida ou aquilo é injusto, um desumano de mãos ao supra humano perverso inumano divino
Que alguém reze por nós, pois então, que se reze nos povos por fama e por castigo
em cada possível e renovado andor ou o que se mais parece
Prece. Prece irmãos. Oremos até ao amanhecer
É uma sucessão de cada pouco nada. Que nos apaixona e nos assusta. É. E.
É uma entrada e uma saída que custa tanto e não custa nada
É tudo que falo das normativas e normalidades
que me são Só minhas -que são quase tudo o que tenho
que ingrato que sou
não penso o que imagino
e não imagino o que penso
pergunto-me, que doença ou maldade tenho nos pés e nas mãos - movediças, atrapalhadas- o que tenho que é mesmo meu
Porque pertencem à criação quase diabólica e divina – Esses, essas, que dão vida sem saberem o que Ela é ou pode ser.
Prece. Precisamos de mais prece.
Prece.
Prece. Oremos irmãos até ao amanhecer
Amândio
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