A célebre frase de Harvey Spencer Lewis: "O ser humano é uma Alma revestida por um corpo e não um corpo revestido por uma Alma", é resultado de uma profunda reflexão sobre a natureza da existência. Esta afirmação desafia a visão materialista predominante, que considera o corpo físico como a base da identidade humana, sugerindo, em vez disso, que a verdadeira essência do ser reside na consciência, na Alma, que utiliza o corpo como veículo temporário. Mas esta ideia levanta uma questão fundamental: será a matéria que cria a consciência, ou será a consciência que cria a matéria?
Se partirmos do princípio de que a Alma é a verdadeira essência do ser humano, então a consciência precede a matéria. Esta perspetiva encontra-se em várias tradições filosóficas e espirituais, desde o platonismo até ao vedanta hindu, que defendem que o mundo material é uma manifestação de uma realidade mais subtil e espiritual. A física quântica moderna também tem explorado esta ideia, sugerindo que o observador influencia o observado, o que implica que a consciência desempenha um papel ativo na formação da realidade.
Se a consciência é o princípio criador, então a matéria é uma consequência, uma manifestação densificada de energia sob determinadas condições vibratórias. Isto leva-nos à segunda parte da reflexão: a natureza da matéria como energia condensada.
A ideia de que tudo no universo é energia não é nova, mas ganhou maior relevância com os avanços da física moderna. No entanto, a proposta de que a densidade da matéria está diretamente relacionada com a sua vibração energética vai um passo além, aproximando-se de conceitos encontrados em tradições esotéricas e espirituais.
Segundo esta visão, quanto mais baixa for a frequência vibratória, mais densa e sólida a energia se manifesta, dando origem ao que percecionamos como matéria física. Por outro lado, vibrações mais elevadas resultam em formas de energia mais subtis, menos palpáveis, como a luz, o pensamento ou mesmo as emoções. Isto explicaria por que a Alma, sendo de natureza vibratória superior, não é detetável por instrumentos físicos, embora a sua influência se faça sentir através da consciência.
Se aceitarmos que a consciência é a base da realidade, então o mundo material pode ser entendido como uma projeção coletiva, uma teia de energia moldada pelas mentes que o experienciam. Isto não significa que a matéria seja ilusória, mas sim que a sua existência depende de um campo de consciência que a sustenta. Neste sentido, o corpo físico não é um acidente biológico, mas uma expressão temporária e localizada da Alma no plano material.
Esta visão tem implicações profundas na forma como entendemos a vida e a morte. Se o corpo é um invólucro temporário, então a morte representa apenas a libertação da Alma do seu veículo denso, permitindo-lhe retornar a um estado vibratório mais elevado. Da mesma forma, a doença ou o desequilíbrio físico podem ser interpretados como reflexos de bloqueios ou desarmonias no fluxo energético da consciência.
Durante séculos, a ciência materialista e a espiritualidade seguiram caminhos opostos, mas hoje começam a convergir. A física quântica, a teoria das cordas e os estudos sobre a consciência têm aberto portas para uma compreensão mais holística do universo, onde a matéria e a mente não estão separadas, mas interligadas.
Se a consciência é a força criadora por trás da matéria, então o ser humano não é apenas um agente passivo num universo mecânico, mas um criador da realidade. Esta perspetiva confere uma responsabilidade maior, pois sugere que os nossos pensamentos, emoções e crenças influenciam diretamente o mundo à nossa volta.
A frase de Harvey Spencer Lewis resume uma verdade profunda: não somos corpos que possuem uma Alma, mas Almas que experienciam a existência através de corpos. A matéria, longe de ser o fundamento da realidade, é uma expressão da energia que, por sua vez, é moldada pela consciência.
Nesta visão, o universo é um vasto oceano de vibrações, desde as mais densas, que formam a matéria sólida, até às mais subtis, que constituem os planos mentais e espirituais. O ser humano, como consciência materializada, está no centro deste processo, capaz de transcender a matéria e reconhecer a sua verdadeira natureza como energia pura, criadora e eterna.
António Ambrósio
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