Veio de uma família humilde, temperada na dureza da vida e com uma prole composta por quatro filhos, que conhecia bem as dificuldades dos tempos. Nasceu em Tondela e veio viver com os pais para a Figueira da Foz, para os Carritos, tinha quatro anos de idade.
Frequentou inicialmente a Escola Primária nos Carritos, mas cedo foi transferido para a Escola Conde Ferreira.
Para ajudar os pais, ainda muito jovem começou por assumir o lugar de apanha-bolas e arrumador de cadeiras no Tennis Club. Mais tarde matriculou-se na Escola Comercial e Industrial da Figueira da Foz, em horário nocturno, completando o curso e ficando por aí em termos de estudos.
Aprendeu cedo o ofício de barbeiro, actividade que exercia nos intervalos da sua vida multifacetada. A sua vida de empresário do ramo alimentar, com a qual se tornou conhecido, nasceu da sua actividade de marçano, primeiro na mercearia de Luciano Soares Louro, na esquina da Rua Vasco da Gama e depois na Mercearia Primorosa. Foi a partir desta altura que teve de começar a usar gravata, porque a profissão a isso o obrigava.
Enquanto marçano concorreu a um emprego em part-time na Cooperativa da Beira Alta, que passa a exercer ao mesmo tempo com a de marçano. Mas porque se ganhava mal, ao mesmo tempo passou a fazer escritas. Foi técnico de contas. Muito cedo ainda, aos 18 anos, colecta-se como agente comercial, sem qualquer capital próprio, continuando a ser marçano e ao mesmo tempo, aceitou também, ser representante de grandes marcas da época, como as Camisas Sagres, as massas de Alcains e da famosa farinha Branca de Neve, ao mesmo tempo que trabalhava na companhia da amêndoa.
Trabalhava todos os dias da semana incluindo sábados e domingos e com o dinheiro que amealhada, comprou em 1954, a António Fiel da Silva, por cem contos (uma fortuna na altura), uma torrefacção onde foi depois o Chalé das Canas. Passou a ter vendedores próprios de amendoins, bolachas, marmelada e café.
Com algumas dificuldades pelo meio, o sucesso com a torrefacção leva-o a mudar-se para a Rua da República, onde instala a Mercearia Mercantil. Fernando Alves do Vale não era homem de ficar parado, era de mudanças e atento às novas realidades que tinha visto numa viagem aos Estados Unidos da América.
Cede a mercearia a um colaborador, compra um terreno na Estrada de Mira, onde construiu um armazém de artigos de mercearia como grossista em 1974 onde, em pouco tempo, já tinha cerca de 200 colaboradores ao seu serviço.
Juntamente com Carlos Lino e outros, cria os Supermercados Ovo, que foram uma revolução no comércio tradicional da cidade e o Recheio Cash And Carry.
Nos anos 80 criou uma nova empresa, talvez a primeira imobiliária na Figueira da Foz, a «Valprédios», que foi um sucesso, sendo responsável por alguns dos edifícios marcantes na cidade, entre eles o Centro de Actividades, à entrada da Figueira da Foz.
Em 1962 foi um dos fundadores do Lions Clube da Figueira da Foz. Viajou muito com a esposa Irene, do qual tiveram uma filha. Era um dedicado sócio do Ginásio Figueirense e membro da Tertúlia Bento Pessoa.
Em 1987 entrou para a Sociedade Figueira-Praia, proprietária do Casino, onde foi presidente do Conselho de Administração. Foi administrador do jornal O Figueirense.
Foi uma pessoa que sempre se preocupou ajudar as famílias menos afortunadas.
Fernando Alves do Vale estava a residir no Centro Geriátrico da Fundação Bissaya Barreto, na Figueira da Foz (antiga Colónia Balnear), onde faleceu.
O funeral realiza-se amanhã, sexta feira, dia 11, pelas 11 horas, no Cemitério Oriental da Figueira da Foz.
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