O Hospital da Luz Coimbra realizou recentemente, com sucesso, os primeiros procedimentos em Portugal utilizando a nova geração de dispositivos MitraClip™ e TriClip™ G5, representando um avanço significativo no tratamento percutâneo das doenças valvulares cardíacas. Estas doenças consistem em alterações nas válvulas do coração, que prejudicam o fluxo normal do sangue dentro do órgão.
Foram tratados três doentes com insuficiência tricúspide severa e um doente com insuficiência mitral severa, todos com elevado risco cirúrgico, para os quais a cirurgia cardíaca convencional apresentava risco excessivo. Os procedimentos decorreram sem complicações, e todos os doentes tiveram alta hospitalar no dia seguinte, evidenciando a segurança e eficácia desta abordagem minimamente invasiva.
As principais causas destas insuficiências são o envelhecimento, infeções cardíacas (como endocardite), febre reumática, malformações congénitas ou degeneração natural. Os doentes queixam-se normalmente de cansaço persistente, falta de ar, palpitações, dor no peito, tonturas ou inchaço nos tornozelos.
Entre as principais vantagens nestes procedimentos estão o menor risco cirúrgico, a recuperação mais rápida e a melhoria imediata dos sintomas, como a falta de ar e o cansaço. São especialmente indicados para doentes que, devido à idade ou a outras condições de saúde, apresentam maior risco numa cirurgia convencional.
Uma técnica inovadora e menos invasiva
A técnica edge-to-edge consiste na aproximação controlada das cúspides valvulares através de um pequeno clip, corrigindo o refluxo do sangue e restaurando a função adequada da válvula. Realizada por via percutânea, sem necessidade de cirurgia aberta nem circulação extracorporal, esta abordagem permite uma recuperação rápida, menor tempo de internamento e reduzido risco de complicações.
A nova geração de dispositivos G5 introduz melhorias significativas, como maior flexibilidade do sistema de navegação, controle preciso do posicionamento e melhor visualização ecocardiográfica durante o procedimento, aumentando a probabilidade de sucesso técnico mesmo em casos de anatomia complexa.

Equipa médica multidisciplinar
Os procedimentos foram realizados pela equipa de cardiologia de intervenção estrutural do Hospital da Luz Coimbra, constituída por Marco Costa (coordenador da Unidade de Cardiologia de Intervenção), Luís Paiva, Manuel Santos, com o apoio de Ana Botelho (responsável pela imagem ecocardiográfica) e Joana Gonçalves (anestesista).
“Estes casos representam um passo importante na evolução do tratamento das valvulopatias em Portugal. A nova geração de dispositivos permite-nos oferecer soluções seguras e eficazes a doentes que antes não tinham alternativa terapêutica,” afirma Marco Costa.

Inovação ao serviço do doente
Com a realização destes procedimentos pioneiros, o Hospital da Luz Coimbra reforça a sua posição como referência nacional na adoção de tecnologias de ponta e no desenvolvimento de tratamentos personalizados para doenças cardíacas estruturais complexas.