

A coluna quinzenal Figueira em Movimento dedica-se àquilo que diz respeito à saúde e ao desporto que envolve a cidade da Figueira da Foz, em particular, à forma como as pessoas que nela vivem ou por ela passam se apropriam e/ou se poderão apropriar do seu espaço.
Parkour e URBEX: Pontos de (des)encontro
O Parkour (da palavra francesa: parcours – caminho/percurso) apresenta as suas raízes em Lisses (França) em meados da década de 1980. O fundador da atividade, David Belle, procurou construir uma disciplina com base em dois lemas basilares: «Ser forte para ser útil» (Être fourt pour être utile) – foco no desenvolvimento das capacidades físicas e mentais com fins altruístas – e «Ser e durar» (Être et durer) – a procura pela preservação do corpo e da mente de forma a sermos ativos ao longo da vida. 
Atualmente, a prática de Parkour poder-se-á dividir em três correntes (muitas vezes interconectadas):
• o seguimento da disciplina enquanto desenvolvimento das capacidades físicas e mentais para melhor agir em situações de crise;
• um movimento urbano de contracorrente, ou seja, a procura por romper com aquilo que nos oprime na sociedade, utilizando a movimentação pela urbe como forma de expressar o eu;
• o Parkour enquanto trabalho, isto é, o desenvolvimento de atividade laboral como duplo, enquanto personalidade nas redes sociais (instagrammer, youtuber, entre outros), e demais possibilidades.
A exploração urbana, conhecida como URBEX (da palavra inglesa: urban exploration) apresenta a sua origem no início da década de 2010. O objetivo desta atividade passa por explorar lugares abandonados (palácios, casas, fábricas, entre outros locais) na procura de documentar, através de um registo vídeo-fotográfico, estes patrimónios esquecidos pela sociedade. 
Os praticantes de URBEX, predominantemente, aderem à atividade como hobby ou enquanto forma de desenvolver uma atividade laboral (através da captação de vídeos e fotografias para elaborar trabalhos de exposição e/ou através da monetização dos seus conteúdos em plataformas digitais, como o Youtube). 
Neste sentido, tanto na prática de Parkour, como de URBEX a procura pela exploração urbana não assenta em escalar pontes e em colocar-se em situações de perigo de morte. Estas atividades encontram-se na procura pela exploração da cidade, mas desencontram-se nas suas bases. Por um lado, temos o Parkour que procura desenvolver o corpo e a mente de forma a ajudar os outros e, por outro lado, temos a URBEX que procura documentar o património urbano esquecido pela sociedade. 
Com estas ideias em mente é possível refletir que o incidente na Ponte 25 de Abril em Lisboa, onde um grupo de jovens escalou um dos pilares desta estrutura, se tratou de um agregado de pessoas que procuravam monetizar os seus conteúdos nas plataformas digitais e que não pertenciam à comunidade de Parkour, mas, muito provavelmente, integravam a comunidade de URBEX. No entanto, este cenário não implica que a esmagadora maioria dos praticantes de URBEX realizem ações como as que testemunhamos em Lisboa. 
Para mais informações remeto para a conta de um dos jovens envolvidos no incidente: @daringducky69 (Instagram), onde se denota que não existem conteúdos relacionados com o Parkour, mas antes conteúdos ligados à prática de URBEX; para um vídeo que retrata com maior fidelidade a prática de URBEX (clicar aqui) (Portugal); e para um documentário que ilustra a realidade de quem pratica Parkour: Projeto Pilgrimage (Projeto Migração) - clicar aqui.
* Miguel Correia - Professor de Parkour associado à Naval Remo (Figueira da Foz) 
Licenciado em Ciências da Educação e mestre em Educação para a Saúde, dedica-se à investigação científica na área das ciências da educação, onde aprofunda tópicos relacionados com a saúde e a cidadania. A par do seu trabalho enquanto educólogo (especialista em educação) é também professor certificado de Parkour na Naval Remo (Figueira da Foz), tendo dedicado os últimos 12 anos à prática desta atividade. Ao longo deste tempo fez parte da história do Parkour em Portugal e no mundo (na inauguração de Parkour Parques e de Escolas de Parkour, entre outros eventos).
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O «Figueira Na Hora» é um órgão de comunicação social devidamente registado na ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social). Encontra-se em pleno funcionamento desde abril de 2013, tendo como ponto fulcral da sua actividade as plataformas digitais e redes sociais na Internet.
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