Naval 1893: Câmara Municipal quer apurar contas do clube. Naval convida autarquia para assembleia geral

A Câmara Municipal da Figueira da Foz divulgou em reunião de Câmara o montante dos apoios aprovados à então Associação Naval 1.º de Maio e à actual Naval 1893. Segundo a vereadora do Desporto, de 2010 até 2020 foram aprovados apoios de 1,17 milhões de euros dos quais 22.280, 98 €, desde 2018, à Naval 1893.
A forma da autarquia liquidar os apoios e os atrasos no pagamento por parte do clube tem motivado troca de comentários entre as duas instituições, quer através de uma carta institucional quer em comunicado, a que se juntam comentários nas redes sociais criticando a posição da autarquia.

“Recebemos uma carta da direcção da Naval 1893, que não era correcta”, disse o presidente da Câmara Municipal, adiantando que “ficaram de se retratar, mas para meu espanto, vieram vitimizar-se”.
“Nunca deixámos de dar apoio e nunca fechámos portas à Naval. A título de curiosidade, nenhum outro clube tem dívidas à Câmara. A dívida da Naval 1893 não é apenas deste período da pandemia, é essencialmente anterior, pelo que não admito à direcção da Naval que escreva cartas em moldes que escreveu. É uma carta acintosa e não pode ser este o comportamento de um clube apoiado e de forma ímpar pela Câmara”, referiu Carlos Monteiro deixando uma garantia: “no cumprimento da lei, vamos pedir à Naval que reporte a sua contabilidade para em termos de apoio percebermos que condições tem para funcionar”.
Entre os comentários do clube, uma referência ao investimento da autarquia num ancoradouro na zona náutica da Fontela, freguesia de Vila Verde.
“Não reconheço nenhuma autoridade à Naval para se pronunciar sobre os investimentos feitos no ancoradouro que serve não só um clube (Ginásio Clube Figueirense) mas todos os figueirenses. Mas já que põe a questão nestes termos, recordamos os investimentos feitos no campo de futebol municipal José Bento Pessoa que durante muito tempo foi utilizado só pela Naval”, salientou o edil.

Indo aos números, coube à vereadora do Desporto, Mafalda Azenha, divulgar e pormenorizar o montante dos apoios aprovados, conforme quadros anexos.
“A Câmara nunca teve qualquer problema com a Naval 1893, foi sempre respeitada de igual forma”, considerou a vereadora salientando que “tenho a certeza que nenhum outro clube recebeu mais de 1 M€ desde 2010” explicando ainda que “foram investidos mais de 2 milhões de euros no espaço desportivo sendo que a Naval não tem qualquer despesa adicional com a manutenção”.

Nesta reunião de Câmara o vereador Carlos Tenreiro recordou ser presidente da Mesa da Naval 1893 explicando que “ajudo a Naval onde e como posso, muitas vezes juridicamente. Vi como esta questão foi trazida aos jornais e temos de ter cuidado de um lado e do outro. Acho que são assuntos que devem ser do conhecimento público mas não devem ser tratados de forma a que possa existir picardias entre pessoas. Não é porque alguns directores de um clube possam ter mensagens mais contundentes contra a Câmara que esta possa reagir da mesma moeda. Num momento de pandemia a mensagem tem de ser de união, não podemos cair nesta forma de entrar no debate”, disse o vereador.
O autarca recordou que “esta Naval não tem nada a ver com a Associação Naval 1.º de Maio, que teve os milhões que teve e na altura ia muita gente para os camarotes, era a loucura total com gente que nem sabe o que é um fora de jogo”.
Para Carlos Tenreiro, “esta Naval faz um grande esforço em manter a formação, tem muitos e muitos jovens que continuam em campo e há uma estrutura que mantém todos a jogar futebol, a instituição em si é boa e marca a diferença pela formação. Isto reflecte que existe trabalho e esforço e se não fosse esta Naval, que abraçou a formação, aquele espaço (campo de jogos) poderia ser utilizado para semear batatas. Mas se assinaram um documento para pagar uma dívida, a Naval vai ter de honrar esse compromisso”.

Em resposta, Carlos Monteiro garantiu que “a carta não saiu da Câmara Municipal, houve um acesso a fonte externa, só poderia ter sido de elementos da direcção que a seguir se vêm vitimizar pelas respostas. A Naval é mais importante que dois ou três directores, tem de haver um tempo em que a Naval tem de ser bem gerida para não mudar de nome outra vez”.
Salientou o autarca que “os dirigentes não se podem esquecer nunca que quando se usufrui de dinheiros públicos existe a obrigação legal de ter uma contabilidade transparente e não vamos permitir que por incúria de uma direcção aconteça o que aconteceu à Naval 1.º de Maio, que chegou onde chegou porque os sócios se aliaram de fiscalizar a gestão. Também é bom que se inverta o curso, não é aceitável que direcção após direcção, nome após nome, se leve à ruptura e depois se lave a face e mude de nome”.

Comentários que motivaram a Naval 1893 a emitir um comunicado (ler na íntegra aqui) no qual se explica que “a Naval 1893 teria a quantia em dívida de 18.000,00€ reportando-se aos anos de 2018 até ao presente e que se referem à ocupação do complexo desportivo municipal José Bento Pessoa.
Acresce que da alegada divida de 18.000,00€, há a descontar cerca de 8.000,00€ relativo ao subsídio municipal atribuído no âmbito do regulamento de apoio aos clubes do concelho, assim como o subsídio de viagens relativos aos transportes das equipas durante os anos de 2019 e 2020 no valor de 2.100,00€ (1.050,00€ em cada ano). Ou seja, contas feitas, a Naval deve ao Município uma quantia de cerca de 8.000,00€, montante a abater depois de subtraídos a maioria dos meses do ano de 2020 que foram inexplicavelmente debitados em plena pandemia, quando é constatável uma significativa redução da actividade desportiva e que se traduziu numa muito menor ocupação daquele espaço, assim como, numa substancial redução de competição”.
No documento refere-se que “a Naval 1893 possui as suas contas devidamente regularizadas e contabilizadas ao abrigo do saft. São pois injustas as referidas declarações proferidas pelo sr. presidente da Câmara Municipal porque disferidas sem qualquer justificação e inaceitáveis, porque pressupõem uma censurável ingerência em assuntos internos e do foro particular daquele clube o qual vem sendo dirigido através de órgãos sociais eleitos ao abrigo da respectiva norma estatutária, dentro do regular e estrito cumprimento da Lei”.
O clube presidido por Joka Mateus, neste comunicado, convida os presidentes da Câmara e Assembleia municipais e a vereadora do Desporto a assistirem à próxima assembleia geral “cuja presença muito honraria esse clube e onde serão apreciados, discutidos e votados o balanço, relatório e as contas do exercício do ano findo”.

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