«Figueira da Foz. Memória de um mandato e os anos perdidos» - novo livro de Joaquim de Sousa

Foi ontem apresentado no Casino Figueira o livro «Figueira da Foz. Memória de um mandato e os anos perdidos», escrito por Joaquim de Sousa.
Deputado à Assembleia da República, foi secretário de Estado da Juventude e Desportos (1976-78) e antigo presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz entre 1980 e 1982, eleito pelo Partido Socialista. Hoje é provedor da Misericórdia – Obra da Figueira.
Nesta obra Joaquim de Sousa recupera o passado local e regional, centrando os escritos no período da sua gestão autárquica. A inauguração da Ponte da Figueira (Ponte Edgar Cardoso), as comemorações do Centenário da Cidade, do 10 de Junho (primeira vez realizada fora de uma capital de distrito) são apenas alguns dos temas abordados.
A abrir a sua intervenção, Joaquim de Sousa recordou a figura de Saraiva Santos (recentemente falecido). “Saraiva Santos assumiu a vida da Figueira da Foz durante meio século, era uma pessoa influente pela opinião e rigor. Fez parte dos quadros da Celbi e trouxe muita «massa cinzenta» para a Figueira da Foz. Era um homem bom, rigoroso e íntegro e que faz muita falta à Figueira da Foz”, considerou ressalvando que “este livro tem muito de Saraiva Santos, ele cedeu todo o ser arquivo sobre os últimos 50 anos da Figueira da Foz. Ao longo deste tempo (em que o livro ia sendo escrito) fez muitas anotações de pormenor que permitiram muitas correcções”.

«Um testemunho de vida e devido»

É desta forma que António Ventura entende a obra agora apresentada. Para o autor do prefácio, “este livro é um testemunho de vida e devido, com uma dimensão colectiva”.
O jornalista falou da gestão autárquica de Joaquim de Sousa “num período difícil da vida nacional”, considerando que “em 3 anos a Figueira da Foz recuperou a sua identidade e mostrou-se ao mundo”, dando como exemplo a realização de eventos que ultrapassaram as barreiras nacionais mas também a realização do Dia do Figueirense ou a criação da Casa da Figueira da Foz em Lisboa.
Para António Ventura, Joaquim de Sousa abraçou uma liderança camarária de “transparência na gestão da res pública com medidas superiores à partidarite aguda. O seu poder era a forma de poder fazer e nunca foi a voz do dono, sempre o dono da sua voz, permitindo que o erário público fosse respeitado e não desbaratado”.
A terminar, disse que “há líderes que sem poder, têm seguidores, pela sua credibilidade. Assim é Joaquim de Sousa”.

“Hoje andamos a discutir foguetes, folclore e espectáculos”

Joaquim de Sousa confessou que neste livro pretendeu reunir alguma memória mas também fazer uma reflexão das últimas 3 décadas na Figueira da Foz.
Invocou a memória de Coelho Jordão (antigo presidente da Câmara Municipal) defendendo que “a Figueira da Foz precisava, nessa altura, de ter vida própria e desenvolver-se economicamente, porque só o Turismo não chegava”. Foi neste contexto que a fábrica de pasta de papel Celbi nasceu na Figueira da Foz: “nos anos 60 era já sensível a percepção de que o boom do Algarve, Mediterrâneo e outras praias comprometia a «clientela» da Figueira da Foz. A vinda da Celbi veio assim dar vida e emprego sustentável todo o ano”.
Olhando para o presente, Joaquim de Sousa diz que “hoje andamos a discutir foguetes, folclore e espectáculos quando o problema é criar uma vida económica todo o ano. Estamos transformados numa praia de proximidade, em que ficamos a ver passar o cortejo, vivemos numa ilusão e a pouco e pouco fomos transformados numa praia de ida e volta. A Figueira da Foz sempre foi uma praia familiar e o que se faz hoje é «sunsets». Antigamente havia uma linha constante de captação dos pais através das crianças”, organizando eventos a elas especialmente direccionados. “A linha de hoje é dos espectáculos e até tivemos uma empresa (municipal), com mais «olhos do que barriga».
Joaquim de Sousa recordou ainda o antigo presidente de Câmara, já falecido, Duarte Silva.
“No seu mando tentou reverter alguma situação e fez obra, como a nova Ponte dos Arcos ou a instalação da central de ciclo combinado da EDP em Vila Verde. Mas estava condicionado pela herança que teve. Aguentou com a máxima correcção, mas foi um sacrificado pela Figueira da Foz”.

“Reabilitação urbana traçada na prancheta”

Ironicamente, considera que “fazer reabilitação urbana nesta altura do ano é óptimo, é a melhor altura”. E deixa uma dúvida: “quais são os estudos de trânsito que deram origem a esta reabilitação urbana traçada na prancheta?”.
Na sua opinião, “tudo isto é um rematado disparate só porque há fundos comunitários, quando há muito mais a fazer”.
Defendeu que “as autarquias hoje são agências de espectáculos para divertir, é tudo um circo e o tecido urbano está na mesma. Esta situação pode ser corrigida, acredito nisso, mas só a médio/longo prazos. Um dos problemas é que a Figueira não tem «quadros», estão todos fora por falta de emprego, mas vai aparecer uma geração que diga «basta»”.

“Um presidente de Câmara que motive a cidade”

Entre os presentes no lançamento do livro encontrava-se Pedro Machado, presidente do Turismo Centro de Portugal que na opinião de Joaquim de Sousa, “tem feito uma promoção notável do centro do país”.
Contudo, lamentou, “a Figueira da Foz não se aproxima, vai-se mantendo isolada, manda umas «bocas» e está cada vez mais afastada da realidade turística”.
Já perto do final da sua intervenção, deixou uma reflexão: “acredito que vamos ainda ter um presidente de Câmara que motive a cidade e as forças vivas”.

Fotos: José Santos
Texto: Jorge Lemos

COMENTÁRIOS

ou registe-se gratuitamente para comentar.
Critérios de publicação
Caracteres restantes: 500

mais

QUEM SOMOS

O «Figueira Na Hora» é um órgão de comunicação social devidamente registado na ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social). Encontra-se em pleno funcionamento desde abril de 2013, tendo como ponto fulcral da sua actividade as plataformas digitais e redes sociais na Internet.

CONTACTOS

967 249 166 (redacção)

geral@figueiranahora.com

design by ID PORTUGAL