O presidente da Câmara da Figueira da Foz disse hoje que a construção de um sistema fixo de transposição sedimentar (‘bypass’) nas praias do concelho para mitigar a erosão costeira passou a ser uma obra “inevitável”.
Na segunda-feira, o Livre conseguiu validar uma proposta no Orçamento de Estado para 2026 para "lançar o concurso público para a conceção e construção da obra do sistema fixo de transposição sedimentar ([‘bypass’] da Barra da Figueira da Foz", cuja verba mínima disponível "é de 18,1 milhões de euros, a qual deve ser financiada através da alocação de fundos do Programa Portugal 2030".
“Garantir o ‘bypass’ é garantir uma obra que vai permitir uma intervenção e um investimento que terá efeito a longo prazo”, disse à agência Lusa o presidente da autarquia, Pedro Santana Lopes, que desde o início de funções, em 2021, tem reivindicado intervenções do Estado para mitigar a erosão costeira e melhorar a navegação costeira.
Salientando que a decisão da Assembleia da República é “ótima” para a Figueira da Foz “porque é muito necessária”, o autarca destacou o “empenho” do Ministério do Ambiente e de todos os partidos que estiveram “a favor da orla costeira, que apanha outros concelhos também”.
“Parecem coisas pequenas, mas são decisões que marcam o futuro”, sublinhou Santana Lopes, salientando que a vontade política de concretizar o ‘bypass’ “ficou firme e passou para outro patamar de aceitação com o apoio unânime no Parlamento e a aceitação do Governo de incluir a verba”.
Segundo o presidente da autarquia figueirense, o ‘bypass’ passou agora a ser “uma obra inevitável”.
SOS Cabedelo na Figueira da Foz aplaude consenso parlamentar para construção de ′bypass′
O movimento cívico SOS Cabedelo destacou hoje o referido consenso parlamentar. Para Miguel Figueira, a decisão tomada na segunda-feira na Assembleia da República por unanimidade reflete o “consenso político e académico” sobre a solução a adotar para evitar a erosão na costa sul daquele concelho do litoral do distrito de Coimbra.
“Este consenso reflete a consciência social que ajudámos a construir e, finalmente, está definido o caminho a adotar pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que tem de colocar em prática a solução que se impõe”, sublinhou o ativista à agência Lusa.
Salientando que a inclusão da obra no OE para 2026 “é um grande momento”, Miguel Figueira recordou que, em 2024, o Governo tinha aprovado delinear o projeto do ‘bypass’, mas que isso não aconteceu por responsabilidade da APA.
“Sempre defendemos a solução de ‘bypass’, baseados na comunidade científica e como aplicação do melhor que se faz noutras partes do mundo, porque é impossível manter a areia na praia, se esta não estiver sempre a ser alimentada”, frisou.
“A praia [Cova-Gala] está pior do que antes da empreitada”
No verão deste ano, uma empreitada de 21 milhões de euros alimentou artificialmente o troço costeiro a sul da Figueira da Foz (praia da Cova-Gala – Lavos), com 3,5 milhões de metros cúbicos de areia, naquela que foi a maior intervenção de alimentação artificial de praia alguma vez realizada na costa portuguesa.
Na altura, o presidente da APA, Pimenta Machado, sustentou que a intervenção iria repor a linha de costa na posição de 2010 e teria uma longevidade de cinco a sete anos, dependendo do rigor dos invernos.
“Acontece que, em três meses, o mar já nos deu razão, comendo a areia colocada nessa intervenção e a praia [Cova-Gala] está pior do que antes da empreitada”, enfatizou Miguel Figueira, salientando que “ainda não chegou o inverno”.
Segundo o ativista, a intervenção da APA passou por encher a praia de areia, que o mar foi comendo porque não teve alimentação contínua, que só é possível com a construção do ‘bypass’.
“A APA encheu o balde e foi embora”, caricaturou Miguel Figueira, frisando que o “balde” foi esvaziando sem que fosse abastecido continuamente para manter o nível inicial.
Para Miguel Figueira, nas questões ambientais não há obras a prazo, mas sim “compromissos intergeracionais em que se tem de investir nestas soluções para segurança das pessoas e bens”.
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