Investigadora figueirense Graça Sofia Nunes estudou na Antártida impacto das alterações climáticas no fitoplâncton

A investigadora figueirense Graça Sofia Nunes rumou no mês de janeiro à Antártida para abraçar um projeto que analisa o impacto das alterações climáticas no fitoplâncton.
A bordo do navio polar Almirante Maximiano, da Marinha do Brasil, é a noroeste da Antártida que repartiu as funções com Afonso Ferreira. Ambos são investigadores do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.
Já de regresso a Portugal, agora é o tempo de analisar todos os dados recolhidos neste ponto do globo.
Oportunidade para o Figueira Na Hora colocar algumas perguntas à investigadora, perceber o que a levou a empreender esta missão e quais os projetos de futuro.

Como surgiu esta oportunidade de investigação na Antártida?
A oportunidade surgiu através de uma parceria que já existe desde 2017 entre o Mare - Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Faculdade na qual estou agora a acabar o meu mestrado, e a Universidade Federal do Rio Grande (FURG), do Brasil.
Este ano, a FURG convidou-nos a integrar as atividades de um atual projeto da FURG (Projeto ImpactANT). A FURG já estuda a região da Península Antártica há cerca de 20 anos, sempre com o apoio do Programa Antártico Brasileiro, coordenado pela Marinha do Brasil.
É de ressaltar que a minha participação e a do meu colega e mentor (Afonso Ferreira), não poderia ter sido realizada sem o apoio financeiro do Programa Polar Português (PROPOLAR), que todos os anos abre uma candidatura para pequenos projetos que decorram em regiões polares. O nosso projeto financiado pelo PROPOLAR chama-se PHYTO-SHIFT e tem como objetivo geral estudar as comunidades de fitoplâncton na Antártida.

Qual a importância do trabalho que desenvolve?
O fitoplâncton desempenha um papel fundamental nos ecossistemas marinhos do planeta, assumindo uma função semelhante à das plantas em terra. Como produtores primários, são indispensáveis na conversão de dióxido de carbono em oxigénio através da fotossíntese, possibilitando que tanto nós como os restantes animais consigamos respirar.
A Antártida apresenta uma elevada concentração de fitoplâncton devido à combinação entre a grande disponibilidade de nutrientes e a luz solar abundante durante o verão austral.
O Oceano Austral, que envolve o continente antártico, destaca-se como a maior zona de captação de dióxido de carbono da atmosfera, desempenhando um papel essencial na regulação do clima e na mitigação do aquecimento global. Uma parte significativa desse dióxido de carbono é absorvida pelo fitoplâncton, o principal produtor primário dos oceanos.
Dado que a Antártida é uma das regiões mais vulneráveis às alterações climáticas, torna-se crucial compreender como o fitoplâncton está a reagir a esta ameaça e quais poderão ser as consequências dessa resposta para o restante ecossistema.

Até quando estará nessa atividade?
As atividades ocorreram durante a 4ªfase da Operantar XLIII, coordenada pela Marinha do Brasil, e ocorreram sensivelmente entre 25 da janeiro até 20 de fevereiro. Este início coincide com o dia em tivemos o voo de apoio organizado pela Marinha, do Brasil até ao Chile e demos entrada no Navio Polar Almirante Maximiano, pertencente a Marinha do Brasil e dia 20 de fevereiro o dia em que tivemos o voo de apoio do Chile para o Brasil.
No entanto, como nós ainda tivemos de atravessar o Oceano Atlântico, até ao Rio Grande no Brasil (local em que nos encontramos com os restantes investigadores que iriam embarcar pela FURG), começámos a nossa viagem a 21 de janeiro e regressámos a Portugal a 26 de fevereiro.

Qual a nota positiva desta experiência? E a menos positiva?
A experiência de embarque foi sem dúvida bastante positiva uma vez que nunca tinha tido tal experiência. Tendo sido bastante positiva uma vez que me deu experiência na parte de amostragem, trabalho de laboratório (realização de filtração da água, microscopia, etc.), como montar um laboratório num navio (contrariamente aos laboratórios que temos em terra, quando montamos um laboratório num navio temos de ter atenção a se as coisas estão seguras/ bem presas uma vez que com a ondulação estas podem correr o risco de mexer caso não estejam seguras).
A parte menos positiva, de forma clichê, mas foram as saudades de casa. Foi a primeira vez que estive fora de Portugal tanto tempo e embora a fala, e a comida sejam parecidas há sempre coisas diferentes e isso deixou-me com saudades da nossa forma de falar e da nossa comida.
Mas até mesmo essa parte de conviver com outra cultura de perto foi boa, as saudades de casa é que foram sem dúvida a parte mais complicada.

Projetos para o futuro?
Desde que voltei o projeto que tenho em mente é a defesa da minha dissertação de mestrado, e consecutivamente a sua conclusão. Depois disso sinto que vou tirar umas semanas para pensar no que quero de facto fazer profissionalmente após este início de ano tão cheio de coisas boas e de aventuras.

Texto: Jorge Lemos / Foto: GSF

COMENTÁRIOS

ou registe-se gratuitamente para comentar.
Critérios de publicação
Caracteres restantes: 500

mais

QUEM SOMOS

O «Figueira Na Hora» é um órgão de comunicação social devidamente registado na ERC (Entidade Reguladora para a Comunicação Social). Encontra-se em pleno funcionamento desde abril de 2013, tendo como ponto fulcral da sua actividade as plataformas digitais e redes sociais na Internet.

CONTACTOS

967 249 166 (redacção)

geral@figueiranahora.com

design by ID PORTUGAL