O ELOGIO

É incontornável que o poder político local nunca soube lidar bem com a crítica, embora, sempre tenha convivido maravilhosamente com o elogio.

Tenho para mim, que a apreciação da acção governativa deverá observar não só o discurso reprovativo como o do enaltecimento, consoante as circunstâncias, sendo certo, que tanto um como o outro hão-de assentar sempre em razões plausíveis.

Por aqui, reinam os do poder e aos restantes cabe elogiar ou então… hibernar.

Nesta minha recente e actual passagem pelo mundo da política no lado (confortável, ou não…) da oposição, sempre que se aumenta o tom da crítica, de imediato, surgem vozes sussurrantes (umas amigas, outras encomendadas) pedindo contenção, pois que os visados entendem os reparos como desrespeitosos e desconsiderantes.

O incómodo que a crítica gera junto da governação e na própria comunidade, desabituadas do confronto político, vai ao ponto dalgumas daquelas vozes irem mais longe e sugerirem, “quando em quando, contraponha com um elogio. Vai ver que cai bem.”

Assim como não concordo com a depreciação gratuita, também discordo e, não posso aceitar que se gabem actos de mera gestão corrente, como sejam, os trabalhos (tardios) de reparação de ruas, limpeza (incompleta) de espaços públicos, substituição (deficiente) de passadeiras na praia com cerca de 20 anos, programas de festas da cidade de figurino antigo (nada criativo), ou até mesmo, a execução dum plano de saneamento financeiro (fixado por credores), etc.

Com o devido respeito, tratam-se de tarefas que nada comportam de excepcional, as quais, independentemente de quem exerça o poder, jamais poderiam deixar de ser cumpridas.

O elogio, esse, reservá-lo-ei, com todo o gosto, quando me deparar com acções inovadoras assentes na captação de investimento que combata a elevada taxa de desemprego, na tomada de medidas concretas e estruturantes para a dinamização do turismo, ou outras, onde se constate um notório esforço e empenho em prol do desenvolvimento do concelho de forma a impedir o êxodo constante da população mais jovem.

Recordo o episódio contado pelo Embaixador Franco Nogueira na sua passagem pelo Oriente, ocorrido na década de 40, numa região recôndita da Republica da China, quando um mandarim foi convidado a assistir uma exibição dum avião e no fim, perante a euforia generalizada do público, interpelaram-no pelo facto não ter esboçado qualquer reacção, ao que respondeu: “convidaram-me para ver um avião voar e ele voou; se não tivesse voado teria ficado decepcionado e se tivesse ido para além do céu, então, ter-me-ia surpreendido”.

Por aqui a avioneta não só não trespassa o céu como nem sequer voa… anda dum lado para o outro sem descolar.

 

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